Olá, como estão? Eu sou a Érika e espero que gostem do poema de hoje!

Me disseram

Me disseram antes de sair
Que o universo gosta de brincar
De querer e querer o domínio
Sobre nosso corpo, nossa voz
Que vaga sem sentido
Pelas esquinas de uma rua
Carnavalesca durante fevereiro
Num país do futebol
Neymar é o ídolo de pão e circo
Me disseram antes do meio-dia
Que eu deveria pintar o meu rosto
E eu acho que estou usando um nariz de palhaço
Porque ouço a todo instante
Risadas do topo do planalto central
Vou abrir minhas asas
E sobrevoar pelos morros pacificados
Mas temo que uma bala atinja o meu peito
Me disseram antes do pôr-do-sol
Que eu deveria ser uma boa menina
E acenar quando for o momento
OPORTUNO
Que deveria me contentar
Com um romance novelesco qualquer
Estender minhas mãos e aplaudir
A educação morta pelas avenidas
SUJAS
Me disseram pela madrugada
O que eu deveria dizer
Para confortar os rostos amargos
De quem não vê as regras
IMUNDAS
Desses jogos premeditados
Me disseram antes de cair no sono
Que a ordem e o progresso nacional
Que o país do futuro
Que a pátria educadora
Anda a milhares de anos luz
PARA TRÁS
Me disseram durante o sonho
Para eu me calar


Olá, tudo bom? Meu nome é Érika e espero que vocês gostem da história de hoje. 

O mundo de Ana

Ana tinha uma pele tão escura que em noite de lua nova seu corpo se confundia com o espaço. Tinha, também, um cabelo que se desenrolava enrolando pelo seu rostinho de bochechas avantajadas. Era uma fofura de menina. Mas, ouvir sua voz parecia uma raridade do universo. Às vezes, ela não se sentia parte desta realidade. O mundo a sua volta assemelhava-se mais a um quadro do qual não era capaz de se encaixar.
Ana se perdia muito mais nos seus pensamentos do que na bagunça do exterior. Tudo era tão confuso. Sentia-se, muitas vezes, incapaz de compreender o que havia por trás das películas humanas. Para ela, o mundo, na melhor das hipóteses, tinha uma cor translúcida. Mas, a doce menina, também, não permitia transparecer sua alma através da própria película. Evitava olhar fixamente para qualquer um. Corria do olhar fixo de qualquer um. Queria estar segura dentro do seu esconderijo.
Alguns dias, acreditava viver em um lugar paralelo, porque parecia temer o local onde estava. Ana se distraía com muita facilidade e desviava de ambientes tumultuados. Por isso cultivava poucos amigos. Fugia, ainda, de sons aparentemente comuns. Seu sentido, possivelmente, se expressava de maneira bem mais acentuada que o da maioria. Ela sentia todo esse emaranhado de sentimentos sem saber o porquê. 
Possuía um comportamento, como diria sua avó, um tanto quanto peculiar. Não era só timidez. Tinha uma certa obsessão por organizar seus lápis em escala de coloração. Mas, o que a criança mais gostava era do seu pequeno ursinho de pelúcia. Andava sempre que podia junto daquele brinquedo tão maravilhoso. Afinal, era ele que a protegia das criaturas que poderiam aparecer no seu sonho. Ana o amava muito.
 Infelizmente, durante uma mudança, seu companheiro fofinho foi deixado para trás. Sem querer, seu pai havia levado para caixinha de doações. Ana chorou por dias. “Como iria viver sem ele? Era sua metade” pensava a pequenina. Sua mãe tentou consolar. Seu pai até comprou outro brinquedo parecido. Mesmo assim, ainda houve resistência até o dia que se apaixonou pelo bambolê.
Algumas pessoas diziam que Ana era complicada, mal educada, nariz empinado. Os apelidos e justificativas para personalidade da menina eram inúmeros. Mas, a pequena não tinha culpa de nada disso. Ana era autista.


Olá, tudo bom? Eu sou a Érika e espero que gostem do texto de hoje. Se quiserem, podem deixar seus comentários.

Atenção, isso pode ser ilusório

Em 1988, Cazuza lançou a música Ideologia que, ainda hoje, se propaga pelos mais diversos lugares. Na canção, o cantor diz desejar uma ideologia para viver. Eu, particularmente, não aconselharia a ninguém cultivar tais anseios. Mas, por quê? E, afinal, o que significa esse nome tão elegante?
Essa história inicia-se com o filósofo Tracy, no ano de 1801, quando criou uma ciência que trataria das ideias assim como a física estuda os fenômenos naturais. Ele denominou essa área de ideologia. A proposta inicial demonstrava uma preocupação especial com o retrato quase idêntico da realidade. Em decorrência disso, os primeiros ideólogos orgulhavam-se por se considerarem opostos aos metafísicos. Contudo, essa perspectiva transformou-se bruscamente após a declaração pública de Napoleão Bonaparte acusando tais pensadores de serem responsáveis por parte da desgraça social que assolava os franceses. Desde então, os estudiosos sucessores encaram-na como um verdadeiro perigo à humanidade.
Na obra Visões e Ilusões Políticas, David Koyzis afirma que esses pensamentos assumem uma característica idolatra. São espécies de religiões políticas que apresentam um elemento sagrado que deve ser adorado. Por exemplo, o liberalismo tem como centro a liberdade, a democracia a soberania popular e o socialismo exalta a igualdade.
Devido ao fator mencionado acima, os sujeitos que defendem essas ideias tendem a se perder nelas e, assim, não identificar incoerências óbvias para quem não está subordinado. Deste modo, é comum que se desenvolvam atitudes violentes em defesa dessas doutrinas. Afinal, o homem está cegamente envolvido por uma “paixão ideológica”.
Entretanto, ainda, gostaria de discorrer aqui sobre certos aspectos contraditórios de algumas ideologias. Começaremos pela, talvez, mais polêmica: o socialismo ou mesmo o socialismo democrata. Analisaremos do ponto de vista econômico, cuja sustentação é impossível. Sobre isso, tem-se a teoria elaborada em 1920 pelo austríaco Ludwig von Mises. Segundo ela, resumidamente, a eliminação do sistema de preço culminaria numa ausência de alocação racional de recursos. Por conseguinte, a economia socialista proporcionaria um caos social em decorrência da não realização do cálculo econômico de maneira satisfatória.
Com relação ao liberalismo, nota-se que apesar de seu papel fundamental para os direitos humanos, ele apresenta dois irracionais pontos principais. Em primeiro plano, pode-se citar a crença ilusória de que a soberania do indivíduo perante a autoridade política externa proporcionaria a salvação da humanidade. Em segundo plano, ressalta-se a afirmação de Koyzis de que os liberais não conseguem enxergar no Estado uma instituição que tem autoridade.
Essas ideias não são as únicas ideologias existentes. Poderia, ainda, citar o nacionalismo, a democracia e o conservadorismo. Entretanto, o que todas elas apresentam em comum e que me levam a ressaltar, neste texto, é a propensão à divinização de tais correntes. Essa realidade impõe um ambiente caótico e hostil à paz e ao respeito mútuo entre os indivíduos.
Foi com esse intuito que há um tempo escrevi esse poema, que sintetiza uma parte do que foi observado aqui:

“Eu gosto que me confunda
Destrua minhas ideias
Que estavam em um arranjo ideológico
Aprecio que desfaça meus preconceitos
E permita-me, assim, edificar um novo modelo
Que defina minhas perspectivas e aspirações
Para que depois
Se, novamente, se perderem em argumentos irracionais
            Eu possa reformula-los
Como a metamorfose ambulante de Seixas
Que foge de credos ideológicos”


Olá, galerinha! Tudo bom? O conto de hoje é do Rodrigo Barros ! Espero que vocês gostem.


Um amigo de Guerra

          Hoje, 20/08/1976, venho aqui relatar um acontecimento que marcou minha vida pra pior, malditos nazistas! Aqueles filhos da puta acabaram com a minha vida e tiraram tudo o que mais tinha de feliz nela e como na época não pude contar, deixo aqui, nessa gravação uma revelação que abrirá sua mente para do que aqueles malditos eram capazes.
           1939, ano em que a 2ª guerra mundial começou, aliados versus eixo. Poucos anos depois, a Alemanha convocava camponeses e outros de baixa renda para integrar-se ao exército, nesse meio de convocados estava eu, Manuel Becker. Eu era camponês, casado, tinha três filhos, dois meninos e uma menina, sendo a ordem de nascimento: Nina, Thomas, Hummels, e minha esposa chamava-se Ann. Era uma família linda, era!
            Durante a convocação, alguns dos militares iam pessoalmente atrás de seus novos integrantes. Era uma manhã de quinta-feira, estávamos - eu e minha família – reunidos para o café, quando menos espero, militares entram arrombando a porta e rendendo todos que na casa estavam. Avisaram que iam me recrutar para a guerra, mas idiotamente recusei, pior decisão da minha vida. Com essa recusa, eles me espancaram, bateram no meu filho mais velho, Thomas, que tentou me ajudar. Aqueles filhos da puta estupraram minha filha e minha esposa na frente (choro), espancaram-nas também. Isso foi muito doloroso pra mim, minha vontade era de mata-los, mas não podia. Estava igual um verme, machucado no chão.
            Fui recrutado e com uns três ou quatro anos já era comandante, mas não com todo poder, eles me negavam em todas as reuniões importantes. Porém, teve uma que eu consegui ver e ouvir, de forma ilícita, mas consegui. Eram experimentos com judeus, eles eram submetidos a congelamentos, descargas elétricas, doenças experimentais e a outras barbaridades que nem o pior ser humano do mundo merecia, com exceção de Hitler. Esse era o único que merecia passar por isso. Eu consegui salvar um judeu, não sabia seu nome, mas nesse dia ele me viu e implorou com gestos a minha ajuda. Eu era contra aquilo tudo de ideias racistas, estava lá por falta de escolha, ou tava lá ou tava morto. Contudo, nesse dia, não sei o que houve comigo, ajudei-o sabendo que agora estava com a cabeça a prêmio. Resgatei-o e consegui esconde-lo, não sei bem onde era, mas consegui. Dias depois ele fugiu sem dar notícias. Eu o alimentei e ‘curei’ durante os dias anteriores a sua fuga.
            Durante uma expedição, encontrei-o escondido em uma construção subterrânea na Polônia. Daí ele me convenceu a largar o exército e fugir, voltar para casa. Fui convencido e a aventura foi grande.
        Atravessei a Alemanha até chegar Köln (Colônia), minha terra natal. Durante o trajeto, passamos e lutamos contra frentes de batalha. O mais difícil foi sair da Polônia, lutei com uma metralhadora simples, porém foi o suficiente para dar tempo de escapar.  Mas, ainda, meu colega judeu foi atingido um pouco depois da fronteira. Tive que socorrê-lo, pois tinha que continuar a caminhada, a sorte foi que aprendi algumas noções de primeiros socorros. Foram quase dois meses a pé, e, uma vez ou outra, arrumávamos uma carona. Contudo, isso era raro e quando acontecia era de forma clandestina.
            Passado esse tempo, chegar em casa foi uma emoção surreal, abracei minha esposa por uns dez minutos em silencio e depois abracei meus filhos. A guerra, uns anos depois, acabou e a Alemanha mais uma vez foi derrotada. Infelizmente, voltamos à merda, mas essa era uma merda que eu gostava, pois tinha voltado para casa, para minha família e para minha vida que eu tanto amava, na natureza e coisas parecidas.
           Quanto ao amigo judeu, aprendi seu nome ao atravessar a fronteira, chamava-se Isaac Haddad, tinha 38 anos e era de origem espanhola. Tinha ido pra Alemanha ver se conseguia uma vida melhor. Ele morreu faz três dias, 17/08/1976, e antes de morrer, eu queria fazer essa homenagem a ele, dizer tudo o que ele sofreu e o que acontecia internamente no holocausto. Espero que esteja bem onde estiver. Aqui digo o adeus final a meu amigo de guerra. Adeus!


Olá, tudo bom? Eu sou a Érika e trouxe mais uma vez um texto para vocês! Espero que gostem.

Essa terra não era para todos

Segundo conta a tradição, um anjo de deus dividiu o universo e a humanidade em duas. A primeira formou a sociedade moral e justa em que habitamos hoje. Entretanto, a fim de manter o equilíbrio cósmico, o segundo universo concentrou todo o mal. Neste local paralelo, há relatos de que a injustiça, a corrupção, a guerra e demais aspectos egoístas permeiam aquela realidade. É justamente nessa última dimensão que Maria e João moravam.
Eles estavam desempregados. Não por incompetência. Também não era mais uma consequência da crise econômica. O real motivo era o posicionamento político deles. Oposição. Exatamente por isso, o príncipe acreditava que eles não mereciam o mesmo tratamento que os outros. Afinal, essa terra não era para todos.
Se fosse apenas por causa de Maria e João, não haveria tanta preocupação da parte deles. Contudo, naquele lar, ainda habitava duas pequenas crianças, que tinham necessidades como qualquer outra. Precisavam alimentar-se bem, estavam em fase de crescimento. Necessitavam estudar, ter acesso à saúde e à própria leveza que aquela idade deveria ter. Mas, talvez, tudo isso fosse luxo demais.
Por isso, as criancinhas, Ana e Isa, estavam à mercê da própria sorte. Até porque tudo que a Monarquia fornecia, embora cobrasse impostos demasiados, era precário. Na escola, as estruturas caiam aos pedaços e o conhecimento não se propagava por aquelas mentes, já que havia um velho guardião protegendo a popularização do saber. Esse senhorzinho pagava mal aos funcionários e permitia que a escola fosse sucateada. A esperteza dele não se restringia a isso. Ele conseguiu, ainda, fazer com que todos pensassem que o grande vilão fosse o professor.  Assim, a comunidade começou a imaginar que esses eram verdadeiros ditadores e marxistas impiedosos. Infelizmente, Ana e Isa estavam juntas nessa roda-gigante que parecia nunca parar.
Num dia frio, entretanto, Ana começou a aumentar a temperatura corporal, alcançando um estado febril. Posteriormente, veio o vômito e as dores abdominais. Seus pais, extremamente preocupados, a levaram para o posto mais próximo. Contudo, ele estava fechado porque o monarca havia desviado o dinheiro daquele local. Segundo os boatos, essa verba rendeu muitas festas e viagens particulares.
Então, apreensivos, direcionaram-se ao hospital no carro de um vizinho. Afinal, não havia ambulância e eles não tinham dinheiro para o deslocamento. Porém, aquela alternativa não foi tão gratificante. O hospital estava lotado e somente um médico atendia. Isso porque o outro preferia trabalhar em sua própria clínica, rendia-lhe mais.
Assim, sendo mais uma entre tantas emergências, Ana não resistiu. A autópsia mostrou que o seu apêndice rompeu-se. O tempo de espera foi grande demais. Seus pais choraram. Sua querida irmã também. Isa estava desconsolada, havia perdido sua melhor amiga, sua irmãzinha.
Maria tentando acalmar a sua filha que ainda sobrevivia, contou-lhe que Ana agora estava em um lugar onde nuvens gotejam chocolate, onde não havia fome nem tristeza. Um ambiente tão maravilhoso que as crianças brincavam todas unidas, independente da crença e da cor. Assim, Isa pela primeira vez parou de chorar e invejou sua irmã.
Esse caso saiu nos jornais. A sociedade chocou-se. Mas, o príncipe da vila dormiu tranquilamente. O médico, em paz. A sociedade se revoltou. O príncipe e o médico acordaram tranquilamente. E a sociedade se esqueceu. 


Olá! Tudo bom? Meu nome é Érika e, novamente, estou roubando o blog do Vinícius para postar um poema! Espero que gostem.

Por onde

Por onde os pássaros cantam
Por onde as aves sobrevoam
E os braços da ventania envolvem
Há uma nuvem que está sorrindo
E, um pouco abaixo, uma criança que brinca
Desatenta demais com um mundo inteiro
Por onde os lírios brotam
Por onde as risadas se propagam
E o sabor doce da doçura habita
Há uma criança que percorre
Um caminho infinito em busca do horizonte
Que crê que alcançará o sol
E, logo depois, se transportará para a lua
E, por fim, descerá pelo arco-íris
Até o lugar onde a esperança dança
Nos corpos que se deixam molhar pela chuva
Por onde o cansaço não importará
Por onde as estrelas são desinibidas
Há uma criança desbravando o universo
De seu ínfimo espaço



Olá. galerinha! Eu sou a Érika e estou invadindo o Marcas Literárias de novo. Espero que gostem do texto de hoje!

Colmeismo

Amélia era apenas mais uma abelha operária presa à estrutura da sua colmeia. Repetia os passos de seus ancestrais noite e dia. Dezesseis horas de jornada diária. Sem férias ou uma recompensa tão boa quanto a da abelha rainha.
Quando era uma criança abelhinha frequentava as aulas de um sistema altamente rígido e quase caindo aos pedaço. Na merenda, o mel quase sempre faltava. Alguns de sua espécie, provavelmente, levara para casa. Altamente individualistas, pensava. Suas aulas eram voltadas para o seu futuro operário. Na verdade, Amélia não compreendia a tal ideologia liberabelhismo, a liberdade pregada parecia tão frágil. Da colmeia não podia sair, era seu destino predestinado. Sentia-se um objeto dentro do sistema que pregava a soberania do indivíduo. Altamente materialista, repetia.
Na maturidade da sua curta vida de abelha, tentou externar todos os esses seus pensamentos. Chegava próximo a um grupo de amigos e explanava o seu horror e incompreensão. Contudo, os demais riam dela e reproduziam sempre as mesmas palavras: “deixa disso, Amélia”, “sua maluca” ou “vai acabar envolvida com pesticidas assim”.
Talvez, até pensasse em desistir. Mas, sua lealdade pela própria crença a tornou insensível a qualquer má consequência que pudesse gerar. Assim, numa manhã na fábrica de mel, recusou-se a trabalhar enquanto não pudesse descansar um dia semanalmente. Alguns riram dela. Embora, a maioria tenha decidido acompanha-la vislumbrando a maravilha do dia de lazer.
Amélia foi condenada pela abelha rainha por desordem pública e bruxaria. Teve a morte mais dolorosa possível. Colocada na frente da praça, serviu de exemplo a todos os outros insetos que seguissem o mesmo caminho que ela. Como uma grande amiga do seu povo, a rainha mostrou qual resultado dessas atitudes horrendas e imbecis.


Olá, galerinha! Tudo bom? O poema de hoje é da Yara! Espero que vocês gostem. Por favor, não esqueçam de deixar seus comentários!

Pessoas pássaros

Segunda feira
Está quase à noite
E o que posso ouvir é só o barulho dos pássaros que posam naquela árvore no quintal da minha casa, eles preenchem aquela árvore, e depois voam...
No dia seguinte, voltam a preenchem de novo e novamente voam.
Todos os dias, na mesma hora vou até meu quintal só pra ver essa cena se repetir, todos os dias eu olho pra aquela imagem e penso...
Que aquela árvore tem algo em comum comigo...
E os pássaros são as pessoas que passam por a bagunça que chamo de vida...
Elas chegam me preenchem e vão embora.
Mas, finalmente, entendi o motivo dos pássaros não permanecerem naquela árvore, o motivo é que são livres, então voam, mas logo depois voltam, pois a árvore é o lar deles e podemos voar o mundo inteiro, mas sempre voltamos para aquilo que chamamos de lar.
Espero que um dia uma dessas "pessoas pássaros" me faça de lar e volte, espero que um dia eu seja realmente aquela árvore.


Olá, galerinha!! Como vão vocês? Eu sou a Érika e, mais uma vez, estou roubando o blog para postar algo. Enfim, espero que gostem <3.

Amélia

João era cabra valente. O filho mais velho. Sempre orgulhou seu pai. Na infância, era o sonho das garotinhas na escola. Tinha milhares de namoradinhas. Aos doze anos já virava a noite fora de casa. Pegava todas as menininhas. Era, como seu pai dizia, “um homem de verdade”. Ele não tinha essas “viadagens”.
Vivia em todas as festas. Bebia muito. Fumava de tudo. Quando foi morar só, a cada noite uma mulher passava em sua casa. Mas dizia que nunca se casaria com nenhuma daquelas “putas”.  Um dia, conheceu Amélia. Amélia que era mulher de verdade. Só dele. Só para ele. Comandada por ele. Casaram-se no dia 8 de março. Ele proibiu Amélia de trabalhar. Queria-a só pra si. Então, Amélia vivia só em casa. Cozinhando, passando e limpando para o seu amor.
Toda noite João chegava tarde. Dizia que passava muito tempo no trabalho. Amélia desconfiava. Ele tinha cheiro de cigarro e bebida barata. Mas, ela relevava. Homens podem. Homens precisam. Até porque, no final, ele sempre voltava para casa. Ela o compreendia.
Com dois anos de casados, ela engravidou. Eram gêmeos. Uma menina e um menino. Carlos e Ana. João estava tão contente. Ia ensinar ao seu filhinho como jogar futebol e, principalmente, a como ser um conquistador. E a sua filhinha, meu Deus, ia guardar para si. Ia pedir a sua esposa para ensiná-la “coisas de meninas ideais”.
Quando tinham seus 15 anos, as criancinhas se apaixonaram por poesia. Mas, João proibiu Carlos de continuar a ler aquelas coisas que ele chamou de “ de gay ou de menininha”. Três anos depois, presenteou seu filho com um carro e Ana com uma roupa de bailarina. Quando ela ousou pedir um automóvel também, seu pai gritou que mulher não tem capacidade para dirigir como um homem.
Carlos era homem, podia. Ana, não. Ana era mulher! Mulheres no volante são um perigo constante. Mas, por trás de um grande homem sempre há uma grande mulher. Mulher devia ser como Amélia. Não exige. Passa. Cozinha. Lava.
Um dia Amélia se revoltou. Ana também. Queriam ser livres. Não abaixar a cabeça. Ser alguém. Queriam ter direitos iguais. Descontruindo-se. Descontruindo o machismo enraizado na alma de uma sociedade politicamente correta.


Olá, gente! Eu sou a Érika e estou invadindo mais uma vez o  Marcas Literárias para trazer um novo poema. Espero que gostem!

Descaso

Eu só quero um pouco de calma
Nesse mundo mirabolantemente extravagante
Eu quero me sentir leve
Por uns milésimos de segundos
Eu só quero sair desse estado de tensão
Constantemente alucinógeno
Parar e apenas observar
O mundo lá fora
Enquanto ainda não me sinto
Preparadamente despreparada para encará-lo
Eu quero sobrevoar por algum lugar distante
Sem tráfego ou sem o tráfico
Desses corpos que estão à deriva
De algo que não sei exatamente o que é
Eu só quero não ter um milhão de respostas
Para mesma e irritante pergunta
Eu só quero por enquanto
Deixar o acaso por descaso me levar